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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

@Verdade online: Adolescente vende banana para sustentar a família em Nampula

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Adolescente vende banana para sustentar a família em Nampula
Jan 10th 2013, 11:39

Nos últimos dias, a cidade de Nampula tem registado um fluxo de adolescentes a que se dedicam à venda da banana e outros produtos de consumo imediato como forma de garantir o sustento diário. Assane Agy Momade, de 14 anos de idade, é um exemplo disso. Residente no bairro de Namutequeliua, tem problemas na coluna vertebral, porém, ganha a vida nas ruas de Nampula para sustentar a sua irmã e a avó.

Assane Agy Momade interrompeu os estudos quando concluiu a 6ª classe, em 2011. Abandonou a escola devido a um problema físico que o levou a ser internado durante dois meses.

Quando quis regressar à sala de aulas, segundo conta, foi interdito alegadamente por ter ultrapassado o limite de faltas aceitáveis no Sistema Nacional de Educação em Moçambique. Assane nunca mais se sentou num banco de uma instituição de ensino. A falta de condições financeiras também precipitou a sua desistência.

A história de Assane Momade não defere da de muitos petizes moçambicanos espalhados pelo país. No seu dia-a-dia, o adolescente percorre longas distâncias para conseguir vender bananas.

Todos os dias leva à cabeça uma bacia cheia daquele produto. Além de lutar pela sobrevivência, Assane tem de escapar ao policiamento municipal que muitas vezes acaba por se apoderar do seu produto. Ele não consegue correr devido ao problema físico que o apoquenta.

O petiz começou a comercializar banana nas ruas da cidade de Nampula no mês de Janeiro de 2012. Conta-nos que teria sido instada pela sua irmã mais velha, de 36 anos de idade, a ganhar dinheiro para ajudar nas despesas diárias da família. O adolescente iniciou o negócio com apenas 50 meticais. E, narra, os primeiros dias eram bastante difíceis porque não conhecia as artérias da cidade e os potenciais clientes.

Tal inconveniente não o fez desistir. Num belo dia, Assane foi surpreendido por um grupo de clientes que teria comprado banana no valor de 30 meticais, facto que o deixou motivado a apostar na venda daquele produto.

O rapaz conta que para encher a bacia que carrega na sua cabeça gasta na compra 50 meticais e depois da venda consegue obter de lucro 20 a 25 meticais, o que permite adquirir farinha de milho e peixe seco ou feijão para o sustento da família.

Assane Momade avança que antes de deixar a casa, primeiro faz tarefas domésticas, e depois sai para se dedicar ao seu negócio. Por volta das 12h00, regressa à casa para preparar o almoço para a sua avó, de 70 anos de idade, que muitas vezes acaba por ficar sozinha, visto que a sua irmã mais velha se tem ausentado à procura de melhores condições de vida.

Vender banana no valor de 70 meticais, segundo o adolescente, não é uma tarefa fácil como se pode imaginar. "Durante a manhã inteira só se pode conseguir vender banana no valor de cinco meticais ou mesmo nada. No período da tarde a situação repete-se. Na verdade, são necessários pelo menos três dias para vender a bacia toda", afirma.

Assane diz que para vender aquela fruta é preciso percorrer quase todas as ruas da cidade e até incomodar as pessoas nas suas residências, informando que tem aquele produto à venda. O nosso entrevistado afirma que muitos dos seus clientes compram aquele produto por compaixão.

Num outro ponto, o adolescente referiu que a dificuldade que enfrenta tem a ver com as taxas diárias cobradas pelos fiscais do Conselho Municipal, tendo em conta que luta para conseguir dinheiro para alimentar os seus parentes.

"Pode parecer pouco, mas cinco meticais é muito dinheiro para a minha família", disse, acrescentando que, por não pagar as taxas diárias, já perdeu por diversas vezes a sua mercadoria. Na visão de Assane Momade, o papel da Polícia Municipal deveria ser o de fiscalizar se os produtos que os vendedores ambulantes comercializam se encontram ou não em bom estado para consumo. E não confiscar.

Uma vida de dificuldades

Assane Momade nasceu numa família humilde. Perdeu o pai ainda muito cedo, em 2000. O nosso interlocutor diz ter por enquanto quatro dificuldades na sua vida, nomeadamente a falta de alimentação, de condições financeiras para regressar à escola, a deficiência física e dificuldades em cuidar da sua avó. Além destes problemas, o adolescente queixa-se da precariedade da habitação onde reside.

Em 1998, no distrito de Angoche, Momade viu a luz do dia sem nenhum problema de saúde, mas, volvidos dois anos, teve um inchaço nas costas, o que obrigou os pais a levarem-no ao Hospital Central de Nampula onde lhe foi diagnosticada a existência de sangue coagulado no local tendo sido operado.

Depois daquela intervenção cirúrgica, Assane nunca deixou de sentir dores naquela parte do corpo. Volvidos seis anos, isto é em 2004, um médico chegou à conclusão de que se tratava de uma "corcunda", e não coagulação de sangue.

Os parentes do miúdo recorreram, sem sucesso, a vários meios, incluindo a medicina tradicional, para reverter a situação. Por diversas vezes, Assane foi internado no Hospital Central de Nampula.

O nosso entrevistado disse que, por causa daquela deficiência, quando caminha uma distância acima de dois quilómetros sente fortes dores nas costas e, quando vai para o hospital, é-lhe receitado apenas paracetamol. Sobre os estudos, ele disse que gostaria de fazer a licenciatura em Administração Pública, pois o seu grande sonho é tornar-se um administrador de um dos distritos da província de Nampula.

A nossa reportagem procurou uma médica pediatra para perceber a doença do adolescente Assane Agy Momade, que disse tratar-se de uma escoliose – uma deformidade na coluna vertebral. Segundo a médica Ana Rosa, afecta ao Hospital Central de Nampula, um dos motivos mais comuns tem sido o crescimento excessivo de coluna vertebral.

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