Pesquisar neste blogue

sábado, 19 de abril de 2014

Criar confiança para as eleições: Defendem extra-parlamentares

Alguns partidos da oposição extra-parlamentar defendem a necessidade de os actores políticos nacionais criarem a confiança mútua e ao próprio processo eleitoral, para que as eleições gerais e das assembleias provinciais de 15 de Outubro contem com a participação de todos, sem exclusão.

Entrevistados ontem pela nossa Reportagem em Maputo, os partidos extra-parlamentares apelaram para que o diálogo em curso entre o Governo e a Renamo seja célere e que cada uma das partes envolvidas saiba dar e receber. Exigiram, no entanto, a sua inclusão nas negociações, justamente porque, segundo disseram, os assuntos em discussão, não só se circunscrevem aos dois protagonistas do Acordo Geral de Paz, mas também ao interesse de todos os moçambicanos.

COMPREENDER PROPOSTAS DE PARTE-A-PARTE  - RAUL DOMINGOS, DO PDD

O PRESIDENTE do Partido para a Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raul Domingos, considera que numa negociação, as propostas valem o que valem, são o ponto de partida e não de chegada.

“Num espírito de diálogo e de busca de consensos, é preciso compreender as propostas de parte-a-parte e trazer contra-propostas, para permitir o alcance dos necessários consensos para o bem maior, que é a paz que todos nós almejamos. Não se pode, à partida, dizer que as propostas duma parte são uma aberração, sem procurar compreender as motivações dessas propostas. É por isso que existem mediadores e os chamados corredores das negociações”, disse, frisando que numa negociação nada se perde e nada se ganha, mas sim cada parte envolvida deve saber dar e receber.

Falando concretamente sobre as Forças de Defesa e Segurança (FDS), questão central colocada pela Renamo à mesa do diálogo (o maior partido da oposição exige paridade), Raul Domingos disse tratar-se de um problema que emana do Acordo Geral de Paz (AGP) que, na sua opinião, não foi bem tratado (Raúl Domingos foi o negociador chefe da Renamo, em Roma). Segundo defendeu, não se pode permitir que haja conflito no país, se o objectivo dos moçambicanos e da nação é a paz, democracia e desenvolvimento.

De acordo com as suas palavras, se existe boa fé, há que se criar condições para que todos os cidadãos, sem exclusão, participem nas eleições de 15 de Outubro próximo, sendo que o Estado é o responsável número um pela criação dessas mesmas condições de segurança.

INCLUIR OUTRAS FORÇAS POLÍTICAS  - YÁ-QUB SIBINDY, DO PIMO


Yá-Qub Sibindy, presidente do PIMO-Bloco da Oposição Construtiva, o diálogo entre o Governo e a Renamo, para além dos observadores nacionais, deve incluir outras forças políticas.

“As discussões em sede do diálogo devem envolver todos os moçambicanos. O diálogo não deve se circunscrever somente ao Governo e a Renamo”, disse.

Afirmou que o PIMO não entende como é que o Governo está a dialogar com um partido político com assento parlamentar e que por via disso beneficia dos fundos do Estado para o seu funcionamento, mas os mesmos fundos financiam a logística destinada a combater as Forças de Defesa e Segurança.

“O povo está a pagar imposto que financiam as actividades das Forças de Defesa e Segurança e ao mesmo tempo uma rebelião contra as mesmas. Este é o cenário que está a acontecer, infelizmente”, disse.

Sibindy referiu que o que a Renamo está a pedir é a revisão do Acordo Geral de Paz, reivindicando a desmobilização prematura dos seus homens nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Segundo aquele dirigente político, as exigências que a Renamo colocou visam a partidarização das Forças de Defesa e Segurança. “Se é isso que o Governo quer tolerar, então não há aqui nenhuma aberração, mas sim pontos a discutir. Para acabar duma vez com tudo o que estamos a passar, nós aconselhamos que a Renamo apresente a lista dos seus homens e se faça um novo Exército, em que ela tenha metade e o Governo também, tal como haviam acordado em Roma”, afirmou. Em face dos actuais acontecimentos políticos no país, Yá-Qub Sibindy considera que não há nenhum partido político no país que tem a confiança em relação às eleições a 15 de Outubro. É preciso capitalizar o diálogo no Centro de Conferências Joaquim Chissano, para que dele saia uma solução de confiança para as eleições”, defendeu. Sibindy afirmou não constituir nenhuma vergonha constitucional se as eleições de 15 de Outubro próximo forem adiadas.

NECESSÁRIO CONSENSO  - ANDRÉ BALATE, DO PARENA


O LÍDER do Partido para a Reconciliação Nacional (PARENA), André Balate, é de opinião que as exigências colocadas esta semana pela Renamo à mesa do diálogo resultam da falta de confiança relativamente ao funcionamento e actuação de instituições do Estado, como os ministérios do Interior e da Defesa nos processos eleitorais.

André Balate afirmou que o seu partido está a preparar-se para enfrentar as eleições e acredita que a Renamo também está interessada em participar. Manifestou-se optimista de que o Governo e a Renamo vão chegar a consenso sobre as matérias em discussão e que as eleições de 15 de Outubro próximo irão se realizar num clima de tranquilidade. “O país esteve mergulhado numa guerra que durou 16 anos. Agora, a nossa preocupação é com o desenvolvimento. Não queremos mais mortes no nosso país”, disse.

NOTÍCIAS – 19.04.2014

Related Posts by Categories



0 comments:

Enviar um comentário