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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Em 2016 “foi só o choque psicológico” da crise em Moçambique, em 2017 “você tem que ...

Se dependesse dos desejos e votos que os moçambicanos trocaram pela passagem de ano, 2017 será um ano melhor do que o passado. Porém, para o professor de Economia António Francisco no que a crise económica e financeira diz respeito ainda não batemos no fundo, em 2016 “foi só o choque psicológico”, em 2017 “você tem que sentir as consequências disso”. Em entrevista ao @Verdade o investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) que havia prognosticado em 2015 que a Dívida Pública moçambicana ficaria impagável em 2020, afirma que existem aspectos positivos, “Nós que estávamos aqui feitos de apóstolos da desgraça eles(o Governo do partido Frelimo) resolveram um problema que tinham connosco, denunciaram-se e mostraram que a trafulhice era ainda pior”, o Executivo assumiu no ano passado que a dívida é impagável.

Os desejos de um ano novo cheio de prosperidade não se tornarão realidade, pelo menos para a maioria dos moçambicanos. “Não batemos no fundo, em termos reais só a partir do próximo ano(2017), em termos de cortes orçamentais o que foi feito substancialmente, foram cortes mais na parte de investimento na parte corrente não houve cortes, na parte das empresas públicas fala-se no processo de liquidação de 63 mas quem é que sabe disso, do ponto de vista de bater no fundo e sentir a crise acho este ano(2016) foi só o choque psicológico, afinal não se teve que pagar as dívidas”, começa por argumentar o director de investigação e coordenador do Grupo de Investigação sobre a Pobreza e Protecção Social no IESE.

“O desafio grande é se vamos conseguir ter um ano menos mau do que este, este ano foi o choque psicológico, foi o momento em que você encara o problema e tenta estancar a hemorragia porque estava-se num processo de descontrole. No próximo ano temos que sentir as consequências disso” explica António Francisco que no entanto vê aspectos positivos na crise económica e financeira que vivemos em Moçambique, “o lado positivo seria forçar reformas que não são feitas - os subsídios de combustíveis continuam, os esquemas na empresas públicas -, eu acho que as consequências desse processo de ajuste são para o ano, a questão da guerra não está resolvida”.

Para o professor de economia na Universidade Eduardo Mondlane um dos aspectos negativos o Governo de Filipe Nyusi “é ter aquela ilusão de optimismo que não vai acontecer nada de mal, o que acontece mal e os pesadelos acontecem sempre aos outros e você cria esta atitude. Veja que a preocupação do Presidente, como não conseguia dizer que o ano não é bom, nem politicamente era bom dizer que era mau então vem dizer que estão firmes”.

Francisco declara que em 2016 o nosso País perdeu toda a confiança que tinha, “Moçambique deixou de ser o menino bonito e passou a ser o patinho feio do mundo. O aspecto positivo é que serviu para fazer educação financeira, todos tornaram-se um bocadinho mais conscientes. O que aconteceu com os bancos (Moza e Nosso) as pessoas aperceberam-se que a robustez não era assim tanta”.

Governo do partido Frelimo já mostrou “capacidade de estragar mais do que aquilo que somos capazes de imaginar”

Por outro lado, diz o académico moçambicano, a crise da Dívida Pública “foi boa para nós, que estávamos aqui feitos de apóstolos da desgraça, eles(os mentores das dívidas) resolveram um problema que tinham connosco, denunciaram-se e mostraram que a trafulhice era ainda pior, é um alívio. Em Março fomos enxovalhados, mas nem nós imaginávamos que de facto eles tinha algo a esconder, não era o problema de contas mal feitas e ideias, eles estavam a ocultar”.

Foto de Adérito Caldeira“A gravidade do problema era maior do que nós imaginávamos, tanto a nível financeiro como político, porque vemos que envolvem-se naquelas negociações(com o partido Renamo) e termina o ano e mandam embora os mediadores e agora vão criar novas comissões. A gente vê que as motivações para manter a guerra ou para fazer dívidas são coisas que não estão dentro daquilo que aprendemos na escola”, constata Francisco.

“Eu tinha previsto (em entrevista ao @Verdade em Novembro de 2015) que com o processo de endividamento (que era conhecido) era quase que inevitável que até 2020 ficaria impagável, tivemos uma overdose e aconteceu antes”, comenta com ironia o professor.

O economista explica que “há um aspecto que isto testemunha e que acontece em vários sítios, e as pessoas as vezes não entendem, que é esta discussão nós temos recursos qual é o problema, é que o País é intolerante à dívida. A intolerância ao endividamento que é a incapacidade das instituições poderem absorver e geri-la”.

Sobre o que vai acontecer em 2017 o professor não dá ilusões, “aquela ideia de que pior do que isto não pode ficar, tirem o cavalinho da chuva”, o Governo do partido Frelimo já mostrou “capacidade de estragar mais do que aquilo que somos capazes de imaginar”.

“Nós estamos numa situação de falência selectiva, no sentido que não se declarou e fica-se naquela expectativa porque há coisas que não foram decididas como por exemplo as consequências da Auditoria Internacional”, afirma António Francisco que não tem dúvidas que para evitar que a crise seja pior é preciso “fazer a Auditoria (internacional), recuperar a cooperação (internacional) e tentar recuperar a confiança”.



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