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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Retrospectiva 2016 - Agosto

No mês de Agosto, fizeram destaque os seguintes acontecimentos: a corrupção na IMOPETRO que mantém alto o custo de importação de combustível, e fuzilamento de seis pessoas na região centro do país e a condenação de indivíduos que assassinaram um cidadão na sua própria casa.

Corrupção na IMOPETRO mantém alto o custo de importação de combustível para Moçambique

O preço do petróleo nos mercados internacionais atingiu mínimos históricos, caíndo abaixo dos 40 dólares por barril. Todavia estes custos baixos não se reflectiram nos preços de venda aos moçambicanos, que pagam o mesmo valor desde 2011, altura em que o Brent custava cerca de 120 dólares. Nem mesmo a factura de importação que o País paga todos os meses tende a reduzir, ao que tudo indica devido a corrupção existente pela Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO).

O barril do Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve) fechou em baixa de 1,37%, cotado a 39,51 dólares norte-americanos, abaixo da barreira psicológica dos 40 dólares pela primeira vez desde Abril passado.

O barril de petróleo Brent para entrega em Setembro fechou em baixa de 0,85% no mercado de futuros de Londres, cotado a 41,80 dólares norte-americanos. O petróleo do Mar do Norte terminou a sessão no International Exchange Futures (ICE) 0,36 dólares abaixo do valor final da sessão anterior, que foi de 42,16 dólares norte-americanos.

O preço do Brent deu sequência à queda perante o temor de que persista a saturação do mercado por um excesso de oferta no segundo semestre do ano.

O barril situou-se acima dos 50 dólares norte-americanos em Junho devido aos cortes de fornecimento no Canadá e na Nigéria, entre outros factores, mas desde desde então voltou a cair para cerca de 40 dólares norte-americanos.

Mas estas quedas que se registam acentuadamente desde 2014, quando o preço baixou dos 100 dólares norte-americanos, não beneficiam os consumidores moçambicanos. Segundo o Governo, alegadamente por estar a recuperar os subsídios que entretanto concedeu às gasolineiras para amortecer o preço quando estava em alta e mais recentemente devido a desvalorização do metical em relação ao dólar norte-americano.

Todavia a factura de importação que o Banco de Moçambique paga todos os meses continua a ser alta não parecendo refletir a queda dos preços internacionais.

Seis pessoas fuziladas e queimadas no centro de Moçambique

Seis pessoas, cinco moçambicanos e um natural do Bangladesh, foram mortas à tiro e os seus corpos posteriormente carbonizados na localidade de Nangué, no distrito de Cheringoma, na província central de Sofala. “Os homens armados da Renamo interpelaram essa viatura e os seus ocupantes e levaram à cabo estas acções bárbaras” disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique(PRM) em Sofala todavia dois sobreviventes afirmara que os actos foram protagonizados por militares e agentes da PRM. Poucas horas após a descoberta dos cadáveres carbonizados o porta-voz do Comando da PRM na província de Sofala, Daniel Macuácua, afirmou à imprensa que a viatura, que também foi incendiada, fazia o trajecto entre os distritos de Marromeu e Caia quando foi interpelado por um grupo de homens armados do partido Renamo.

Para corroborar a sua rápida investigação a polícia relacionou a proximidade do local onde aconteceu o fuzilamento e incineração dos corpos com outra localidade, Chissadze 2, onde há cerca de uma semana outra viatura, de uma instituição governamental, foi atacada e também incendiada alegadamente por homens do partido liderado por Afonso Dhlakama.

Condenados três cidadãos que roubaram numa casa e assassinaram o dono na Matola

Mais três indivíduos engrossam o número de cidadãos que por força da lei vivem limitados a quatro paredes. Há três anos, os visados, condenados a 21 e 31 anos de prisão efectiva, pelo Tribunal Judicial da Província de Maputo (TJPM), assaltaram uma residência no bairro de Ndlavela, na cidade da Matola, onde apoderam-se de diversos bens e impiedosamente assassinaram o dono com recurso a um pau de pilar.

Para a família, a condenação dos homicidas não tratará o seu ente querido de volta à vida, mas “é um alívio e sinal de que a justiça tarda, mas sempre chega”.

O malogrado, que respondia pelo nome de José Matecane, encontrou a morte numa madrugada, em Abril de 2013, quando pretendia se aperceber de uma movimentação estranha na sua casa, tendo sido surpreendido pelos bandidos com uma paulada, e caiu definitivamente inanimado.

Na referida madrugada, para ter acesso à habitação do finado, os três réus, que respondem pelos nomes de Gerito Sitoe, condenado a 21 anos de cadeia, Waldemar Nhachote e Jaime Maoche, condenados a 27 e 31 anos de prisão, respectivamente, escalaram o muro.

Eles podiam ter sido condenados a mais anos de reclusão, mas beneficiaram de um atenuante: a sua confissão de envolvimento no crime. E deverão ainda ressarcir a família da vítima com 138 mil meticais, de acordo com a decisão do TJPM.

O tribunal entendeu que o facto de os três réus terem invadido a propriedade de José Matecane, à noite, é prova bastante de que agiram de má-fé e houve vontade consciente de cometer o crime de que foram castigados.

Aliás, no dia do assalto, Gerito Sitoe encontrava-se fora da casa do finado a controlar a movimentação dos transeuntes e de eventuais pessoas que podiam estragar a operação, enquanto os seus comparsas pilhavam tudo o que puderam.

Em Junho último, a Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, disse ao Parlamento que, de há tempos a esta parte, ocorre um maior envolvimento de jovens com idades compreendidas entre 22 e 35 ano em actos criminais. A situação verifica-se sobremaneira nos centros urbanos.

Segundo a guardiã da legalidade, dos 10.815 arguidos registados em 2015, pelo menos 7.572 (70%) envolvem jovens daquela faixa etária. “Esta realidade remete-nos a uma reflexão profunda (…) sobre o futuro dos nossos jovens e do país”.



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