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segunda-feira, 20 de março de 2017

Fiscais da Reserva Nacional do Gilé afastados por se juntarem a caçadores furtivos

Três fiscais da Reserva Nacional do Gilé (RNG), na província da Zambézia, foram afastados das suas funções, há dias, devido ao seu alegado envolvimento na caça ilegal de elefantes e à conexão com os caçadores furtivos. Destes, um foi detido e restituído à liberdade mediante o pagamento de fiança, facto que deixou os gestores daquela área de conservação agastados, principalmente por o suposto infractor estar a ridicularizá-los e proferir ameaças de morte.

Um dos presumíveis caçadores furtivos foi preso em Fevereiro passado na posse de três armas de fogo. O indivíduo em causa esteve detidos na celas da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Quelimane.

Contudo, volvidos alguns dias, ele foi restituído à liberdade mediante o pagamento de caução, o que deixou os gestores da reserva agastados, segundo José Dias, administrador da RNG.

“Interpelámos o homem, confiscámos as armas e o homem foi detido no Gilé, mas o processo foi mais tarde transferido para a Procuradoria Provincial de Quelimane”, disse José Dias, salientando que, há duas semanas, o acusado foi solto após pagar fiança e anda a proferir ameaças de morte.

“Depois de ser solto, ele anda a telefonar para algumas pessoas da reserva, proferindo ameaças. Isso é um perigo para os fiscais e para mim próprio, porque eu é que o transportei na viatura que uso na reserva. Posso levar um tiro. Qualquer coisa pode acontecer. Já informei isto ao procurador-chefe provincial”, narrou.

O administrador da RNG considerou que os casos de uso e porte ilegal de armas de fogo para a caça furtiva, corte ilegal de madeira “não deviam ser caucionáveis”, porque são crimes que concorrem sobremaneira na devastação de florestas e no despovoamento das eras de conservação.

Lopes Pereira, o responsável pela Fiscalização da Administração Nacional das Áreas de Conservação, disse ao @Verdade que mesmo quando as cauções são de vários milhões de meticais isso não é problema para os traficantes e compradores, porque o quilograma de um corno de rinoceronte custa entre 60 a 100 mil dólares norte-americanos no mercado final que é a China.

Ainda de acordo com José Dias, o caçador furtivo que supostamente tem estado a proferir ameaças, no dia em que foi neutralizado estava na posse de um telemóvel, no qual havia contactos telefónicos de pessoas bem posicionadas na Zambézia, bem como dos três fiscais ora suspensos.

Esta situação sugere que o bate de espécies protegidas é, em parte, promovido pelos fiscais e demais pessoas ligadas às áreas de conservação. José Dias disse que a suspensão dos três fiscais da RNG deu lugar também a um processo disciplinar.

Porém, os gestores daquela área estão a preparar um outro processo paralelo, para que recaia igualmente um processo-crime sobre os visados.



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